Um dia, quando a alvorada começava a clarear o céu, Carlos e Luiz
saíram para investigar a rota do tubarão.
Com o mar calmo e a brisa suave, o dia estava perfeito à
empreitada e o barco os esperava para zarpar.
Embarcaram seguindo o mapa das possibilidades, velejando mar
adentro sem ao menos imaginar que, enquanto procuravam o tubarão, mais uma
aventura começava na casa da Vovó...
O mar quebrava ondas, o vento balançava os coqueiros, o Pocotó
comia a relva orvalhada, não evaporada pelos os raios do sol.
Em casa, a brisa acarinhava Marietinha e a fazia ronronar
sonolenta. Mas a morosidade do momento foi interrompida, quando ouviu Vovó
dizer: "Minhas fotos sumiram! Ai, ai... Só pode ser danadice de
Saci!"
Marietinha se espantou e correu para e se escondeu em baixo do Brugre.
Achou melhor acompanhar de longe os acontecimentos até a Vovó
se acalmar. "Nunca vi Vovó tão brava!" comentou baixinho com seus
bigodes.
Vovó continuava a procurar por quem teria sumido com as fotos das
fábulas. Ela terminara de escrever Paranã pucá e, de repente! Poff! sumiu tudo,
a historinha e as fotos! Assim, sem mais nem menos. Sequer um breve e educado
aviso de erro dado pelo computador. "Isto está me parecendo coisa de Saci!
Só pode ter sido o Sacifreuderê! Ultimamente ele andava me rodeando e
cheirando, para ver como estava sua imagem nas fotos. Ah! vou atrás desse
enxerido do gorro vermelho e quando o encontrar farei de seu couro um tamborim!
Arre!".
Marietinha viu Vovó ir até a praia em busca do Freudão. Ela sabia
que a esta hora o bom e velho Sacifreuderê já começava a tomar o rumo dos
ventos e só voltaria no final do dia. Algo precisaria ser feito para desfazer o
engano, do contrário, pobre Freuderê! Viraria Tamborim!
Depois do susto Marietinha ponderou com seus bigodes: "A
Vovó jamais transformaria o querido Sacifreuderê em qualquer coisa. Imagino que
ela está triste com a perda da nova fábula, e isto lhe dói como se tivessem lhe
pisado os calos.".
Marieta não sabia que naquele dia, diferentemente de todos os
outros, o Sacifreuderê resolvera acompanhar o embarque dos meninos em busca da
rota do tubarão.
Foi isto que Profridência viu, quando acordou, e foi isto que ela
contou para Marieta.
"Mas, olhe Marietinha! já vejo Freuderê ventando de
volta!" – exclamou Profridência abanando o rabo - "vamos contar a ele
o que está acontecendo.".
Joaquina e Don'Judite sentiram de longe o cheiro de aventura e
chegaram no momento que o Sacifreuderê aterrisava em casa.
Logo se reuniram para encontrar solução e livrar o Freudão do
embaraço. Marietinha entrou e se acomodou no bugre para fugir do sol, o que
bastou para o apavorado Sacifreuderê ter uma ideia daquelas que mudam todo o
curso de uma história. "Vovó está me injuriando. Mas, que barbaridade! Não
fui eu! Logo a vovó! A minha querida vovó...
Vamos fugir antes que ela me encontre! Entrem todas no bugre que
Marietinha já está lá!". Mal terminou de falar, foi em direção à traseira
do bugre dizendo à Marieta "Cuide do volante que eu empurro com meu vento!
Ligeiro, Vovó está chegando e vai me transformar em tamborim!"
Tudo aconteceu tão rápido que, quando Marietinha percebeu, já
estava voando e assumindo o volante do bugre para dar a direção.
A arara Joaquina, que já não via a hora de viver uma boa aventura,
gritou animada: "Ora, vejam só! Enfim teremos uma boa aventura! Voa, Voa
Sacifreuderê! ".
Don'Judite e Profridência nem tiveram tempo de decidir se
queriam ou não fugir da casa da Vovó.
"Bem, bem... O bom e velho Sacifreuderê desatinou..."
Disse Don'Judite pensativa.
"Pobre Freuderê! Precisamos avisar a Vovó." Falou
Profridência, enquanto corria até a praia para encontrá-la deixando para trás a
coruja Judite pensativa: “Uhmm... Desde que voltamos de Paranã puçá Fridoquinha
fala com sotaque de lá... mas ficou um encanto!”.
Assim que chegou à beira mar, Fridoquinha viu Vovó correndo
prá-lá e prá-cá chamando pelo Sacifreuderê.
Profridência nunca tinha visto Vovó tão brava. "Pobre Vovó, pobre Sacifreuderê!", pensou ela. Acendeu a luzinha em seu pescoço para ver se assim lhe ocorreria alguma idéia. Pensou em se aproximar devagarinho e contar, com todo cuidado, que o Sacifreuderê pegou o bugre e fugiu com Marieta. Mas Fridoquinha, apavorada, pensou: "Ai, ai... Como dizer isto a ela sem que fique brava comigo! Apostio oitxo vezes oitxo vezes que ela não vai gostar nadinha dessa notícia!".
Além disso, ela pensava como comunicar tanta informação para a Vovó, apenas balançando o rabo.
Don'Judite e Joaquina combinaram voar em diferentes direções com a esperança de achar o Saci desatinado.
A coruja encontrou, pela estrada, uma jegue com seu filhotinho e
perguntou a ela se, por um acaso, tinha visto um Bugre vermelho empurrado no ar
por um gato saci e uma gatinha muito linda na direção.
A Jegue respondeu: "Se eu não tivesse visto com meus
próprios olhos, diria que a senhora inventou tal história. Mas sim, eu
vi!" Apontou a estrada com as fuças indicando a direção. Continuou
informando: "Seguiram para aquele lado e pareciam estar com muita
pressa.".
Enquanto isso, O Sacifreuderê e Marietinha estavam perdidos, sem
saber para onde ir. Pararam o Bugre na areia da praia. Marietinha continuou
sentada ao volante, enquanto Sacifreuderê foi buscar caminhos entre as lagoas e
mangues abundantes nas cercanias. Avistou alguém andando de um lado para outro,
com um tucano no ombro, acompanhado de um cachorrinho usando um tapa-olho.
Neste momento a arara Joaquina, sobrevoando a praia, ouviu lá do
alto o Sacifreuderê perguntar ao Pirata Dampier: "Bah!! Tu és um pirata de
verdade! O que fazes aqui nesta praia?". O pirata respondeu: "Há mais
de 500 anos procuro um Saci danado que me roubou o tapa-olhos numa luta
infernal! Enquanto não o recuperar, não descansarei! Juro, pelas perigosas
ondas do alto mar! Pegarei aquele Saci danado!". Freuderê lembrou a
história contada pelo Saci Tererê sobre como tomara o tapa-olhos do pirata
malvado e acabou preso num tonel...
Saiu de fininho antes que o Pirata o confundisse e também quisesse
torná-lo couro para tamborim.
Marietinha esperava no Bugre conversando com seus bigodes, e nem
percebeu quando um gato furtivo entrou e se instalou no banco traseiro.
O Sacifreuderê retornou querendo sair logo daquela praia e se
afastar o mais rápido possível do vingativo pirata. Seguiram por uma estrada
que certamente os levaria a algum lugar qualquer, não importava qual, desde que
ele se sentisse à salvo.
No caminho viram passaredos, revoadas de borboletinhas amarelas,
rebanhos de cabras...
Iam se distanciando do mar.
“Bah! Marietinha! Nem sei para onde estamos indo, mas já estamos
na Reserva de Saltinho onde, de outra vez, viemos atrás do Áribo, o urubu. Aqui
poderei virar à direita e chegar na Praia dos Carneiros e...”. Mas antes que
completasse o que estava dizendo foi surpreendido pelo gato escondido, até
então, no banco traseiro.
“Barbaridade! Que quanto mais eu fujo mais assombração me aparece!
Te esconjuro mequetrefe!”, e assim dizendo fez manobras radicais nas alturas
para tentar derrubar o gato invasor.
Ventava forte rodopiando como um furacão e
mesmo Marietinha, acostumada com as interpéries heliocêntricas do Sacifreuderê,
quase caiu.
Mas o gato intruso era valente e cheio de destreza. Se segurou
firme até que o Sacifreuderê desistiu de fazê-lo cair.
De volta à calmaria Marietinha, ainda meio tonta de tanto
rodopiar, falou olhando admirada para o gato desconhecido: “Seja você quem for,
por certo é alguém muito forte e hábil.”. Contudo, Baru Norberto sentia
náuseas. A cabeça parecia rodar e rodar e rodar. Começou a ficar um tanto verde
até vomitar uma mistura de pelo e caviar:“chjuca, chjuca, chjuca”. Depois, limpou com o belo cachecol
de seda japonesa a babinha que ainda lhe escorrida da boca e fez um cumprimento
elegante e agradecendo Marietinha pelos elogios.
O Sacifreuderê, disse a si mesmo entre dentes: “Bah! Ele chamou o juca dentro do
Bugre. Baarrbarrridade! Agora é que não tenho mesmo salvação, se vovó me achar
também serei injustamente acusado de sujar seu carrinho vermelho.”. Desconfiado e enciumado continuou:
Além de tudo o mequetrefe é dado à salamaleques! Mas darei corda a ele para
saber o que faz aqui...”.
O gato se apresentou com o pitoresco nome de Baru Norberto. O
Freudão achou meio estranho, mas Marieta se encantou pelo guapo, digo, gato. E
assim os três ficaram se cheirando até saber o quanto poderiam confiar um nos
outros. Cheira daqui, cheira dali, e o tempo de gato só gato sabe quanto é, mas
para o tempo de gente pareceu rápido.
Ao sentir confiança, o Baru Norberto contou sua estranha história:
“Sou um gato ninja treinado nos confins do Japão. Um dia entrei num navio
correndo atrás de um rato danado e quando percebi já estava navegando em alto
mar.”.
“Sabia que tinha caroço nesse angú!” Pensou Sacifreuderê. “
Esperarei para saber mais, antes de botar o gaiato para correr!”
Baru Norberto continuou: “ O navio atracou numa terra muito
distante, onde tem um imenso vulcão. Durante a viagem me fartei com tantos
camundongos e percebia a admiração dos marinheiros quando eu pegava algum. Acho
que gostaram mesmo de mim...”
E o Sacifreuderê comentou baixinho com Marieta: “Como é vaidoso
este aí!”. Baru Norberto continuou contando: “lá, fui parar num enorme palácio
com lindos jardins e laguinhos. Entrei junto com um carregamento de peixes e
ouvi quando disseram que ali era o reduto milenar de treinamento dos Samurais.
Antigos guerreiros do imperador! Resolvi ficar por lá e aprender tudo o que
pudesse com eles, em troca comeria os ratos e pouparia os peixes coloridos e
deliciosos que nadavam nos laguinhos.”.
O gato continuou contando: “Depois de alguns anos, formado nas
artes samurais, saí para defender o império, mas acabei me envolvendo com
pessoas erradas e usando meus conhecimentos contra e não a favor da paz. O
mestre samurai disse que eu não agia como um guerreiro samurai, mas como um
ninja, lutando por si e não pelos outros e se eu quisesse voltar a ser um
samurai ele me daria uma missão especial para provar que posso voltar a ter a
honra de ser um deles. É por isso que estou aqui, para realizar minha missão e
provar que sou um guerreiro justo e não um ninja doidinho!”.
E o Sacifreuderê já se animara com aquela história fantástica e
disse: “Bah! guri, que já gostei de ti! Pode ir com a gente. Só não sabemos
ainda para onde estamos indo, mas precisamos nos apressar antes que a vovó nos
encontre e faça de meu coro um tamborim!”.
“Se quiserem podem ir comigo e até me ajudar em tão difícil
missão. Mas terão que confiar em mim, pois não posso dizer qual será”.
Assim, seguiram com Baru Norberto até a Pedra Furada. Um lugar
cheio de história e também antigos mistérios...
Durante toda a viagem o enigmático gato não parou de falar. Contou sobre sua estada no Japão e como voltou para o Brasil num grande avião. E eram tantos os detalhes que o pobre Sacifreuderê nada conseguia dizer, pois Baru Norberto não parava sequer para respirar e contava: Na volta ao Brasil usei dos meus poderes ninja para me passar por gente. Tive que vir calado pois a língua deles não sai em boca de gato, mesmo quando a boca do gato está no formato de boca de gente!”, e emendava, “Alguém ao meu lado teimava em dormir. Apesar de eu ficar calado, sentia uma grande necessidade de abanar o rabo para me comunicar, mas nem rabo eu tinha, foi muito difícil ficar em silêncio durante tanto tempo! Mas como sou cavalheiro educadíssimo, mesmo me virando prá lá e prá cá, para ser simpático ao companheiro ao lado e livrá-lo das inconveniências de dormir, eu conseguia fazê-lo com alma felina, delicadamente - ele gesticulava para mostrar... E... Parará, parará, rororó, rororó...”.
“ Valei-me óh, Grande Gato! pois neste momento me desespero! Exclamou o pobre Sacifreuderê. “Este ninja nunca será um guerreiro samurai! Ele parece educado e refinado nas mais nobres etiquetas, mas... Barrrbaridade! O mequetrefe não consegue se manter quieto e põe tudo a perder!”.
Pareceu à Marietinha que o mesmo vento que o Freuderê tinha para ventar, o Baru Norberto tinha, dentro da cabeça, para pensar.
O dia estava claro com o céu azul, quando o Sacifreuderê,
Marietinha e Baru Norberto avistaram, de longe, a imponente pedra furada, nas
cercanias da cidade de São Raimundo Nonato, PI.
Enquanto isto, Na casa da Vovó...
Frida conseguiu mostrar à Vovó que o Sacifreuderê, magoado e
com medo, fugiu levando Marietinha. Depois titubeou, mas criou coragem e
informou também que eles tinham fugido no Bugre que a Vovó tanto adora e nem
deixa triscar! Vovó levou as mãos ao coração: “Meus quindim! Como posso viver
sem meus quindim?”.
Frida se entristeceu demais ao ver a vovozinha tão
triste... As duas sentaram na areia e ficaram ali até Vovó levantar com um belo
sorriso dizendo: “Fridoquinha! Lembrei que o bugre tem rastreador! Vamos, vamos
logo para casa e saberemos direitinho onde é que eles estão. Assim poderemos ir
atrás para trazê-los de volta!” Profridência abanou o rabo demonstrando
sua alegria. Chegaram em casa e Vovó se preparou para ir atrás dos dois.
Estava preocupada e lhe doía pensar que não mais veria os "meus
quindim!", como ela carinhosamente os chamava. Foi quando a arara e a
coruja voltaram das buscas trazendo notícias.
Judite contou a conversa que teve com a Jegue na estrada e Joaquina contou o que os vira e ouvira na praia, a conversa de Sacifreuderê e o Pirata Dampier.
Quando sairam, Mocorongo viu a Formiguinha de Catarro espirrando e chorando a falta de seu amigo Sacifreuderê. Vovó pisou no freio, e Mocorongo voltou para buscar a Catarrinho.
Vovó lembrou que Carlos e Luiz zarparam a pouco tempo e buzinou chamando por eles. Queria que fossem junto com ela. Contudo, o barco ia longe vencendo as ondas do mar aberto. "E meus guris? Porque não vêem comigo? Teremos que voltar antes do entardecer e esperá-los na praia água-de-côco e um abraço gostoso! Vamos, vamos ligeiro para voltar antes deles!" Disse ela, já com o coração cheio de saudades, mesmo antes de partir...
Enquanto isso...
Sacifreuderê, Marietinha
e o gato ninja pousaram no Parque das Capivaras. Pararam admirados. Nunca viram
nada igual. Montes e pedras, desenhos nos paredões e aquele enorme buraco na
pedra parecia chamá-los a transpor.
“Sentimento estranho!” Cismou o Sacufreuderê. “Sinto como se
tivesse que passar para o outro lado”. Saíram do bugre e Baru Norberto, ao
descer, pisou num espinho de mandacaru e quando pulou para tentar se livrar
tropeçou num toco de árvore, e cambaleando topou num pedregulho parando em pé e
seguiu meio sem jeito, mas muito animado, caminhando com seus dois novos amigos
para ver os lindos desenhos coloridos.
“Que lindo lugar! Não é tão belo como o Monte Fuji do Japão, aliás
aqui é muito quente. Será que tem um restaurante para a gente tomar um banho e
tomar um delicioso suco de carne de teiú? Um que maravilha! Salivo só em
pensar. Mas ainda bem que não estou aqui para passear, ah! Passear só mesmo no
Japão... Ouvi dizer que próximo daqui existe o Jalapão, será que é parecido com
o Japão? Mas não dará tempo, tenho a missão, só assim poderei voltar ao Japão!”. O Sacifreuderê já não aguentava
mais ouvir Baru Norberto falar.
“Baaah! Mas que baaaarrrbaridade guri! Que eu até gostei de ti, mas assim
já é demais! Ou tu te calas e aprecia a paisagem, ou continuarás sozinho o teu
caminho, pois que já não aguento mais!”
Baru Norberto pensou, meio sentido, que não seria prudente
argumentar com a falta de paciência do Sacifreuderê, afinal, conhecia pessoas
que falavam muito mais que ele próprio, então estava certo que nem falava tanto
assim para tirar a paciência de alguém. Logo se animou e seu pensamento rápido,
como o vento de saci, definiu uma estratégia para colocar em prática sua
missão, sem que os dois amigos soubessem o que ele deveria fazer. Enquanto
pensava ia pisando desavisadamente em pedregulhos e gravetos que teimavam em
estar sempre no seu caminho.
Desviou-se do grupo e atrás de um grande paredão de pedra ele
vestiu sua roupa ninja. Quando se apresentou aos amigos, já não era o mesmo.
Estava forte e não tropeçava mais. Também não falava uma única
palavra e Marietinha percebeu que ele tinha a forma de gente. Um belo ninja.
Mais belo ainda seria quando voltasse a ser um honorário samurai.
“Como ele é lindo!” pensou Marietinha. Naquele momento seu
coraçãozinho foi tocado pelo amor.
O ninja subiu rapidamente a pedra furada. Sacifreuderê e Marieta o
seguiram com o Bugre. Só não conseguiam ver o que só era dado ao audacioso
ninja ver – o grande e temível Tiranossauro Rex!
Ao longe vinha a Kombi amarela e de lá todos viram o Bugre
vermelho passando através do enorme furo da pedra. Contudo, o único que não
enxergava foi o que mais viu. O poderoso radar do Mocorongo percebeu que, além
dos amigos, havia também o que lhe pareceu um monstro! Apavorou-se e perturbou
Vovó até que ela acelerou a Kombi entendendo a urgência pelos modos do morcego.
Mas chegaram tarde, já estavam do outro lado da pedra e não mais podiam ser
vistos. Judite chamou a arara Joaquina e o Mocorongo e, com a rapidez que a
amizade exige na hora da dificuldade, voaram como uma seta.
Do outro lado do buraco encontraram um mundo diferente.
Viram Freuderê e Marieta conversando com os habitantes de lá.
Pousaram a tempo de ver e ouvir o pajé dizer: “Fiz Ouricuri para chamar o bom espírito. E vocês o trouxeram. Obrigada. Nos últimos dias a tribo não conseguiu dormir com o barulho do enorme e poderoso animal que chegou nestas terras. Não sabemos o que ele quer e nem sabemos nos defender dele. Agora o bom espírito veio nos salvar.” Falou apontando para o ninja. Enquanto Sacifreuderê aceitava o cachimbo das mãos do pajé pensou:
“Bah! Como assim o bom espírito? Baru Norberto é um azougue atrapalhado. Como podem acreditar que ele é o bom espírito que chamaram? Daqui a pouco ele tira aquela roupa esquisita e sai tropeçando em tudo e catando cavaco...”
O chefe convocou um grupo de guerreiros, os mais bravos da tribo.
Pousaram a tempo de ver e ouvir o pajé dizer: “Fiz Ouricuri para chamar o bom espírito. E vocês o trouxeram. Obrigada. Nos últimos dias a tribo não conseguiu dormir com o barulho do enorme e poderoso animal que chegou nestas terras. Não sabemos o que ele quer e nem sabemos nos defender dele. Agora o bom espírito veio nos salvar.” Falou apontando para o ninja. Enquanto Sacifreuderê aceitava o cachimbo das mãos do pajé pensou:
“Bah! Como assim o bom espírito? Baru Norberto é um azougue atrapalhado. Como podem acreditar que ele é o bom espírito que chamaram? Daqui a pouco ele tira aquela roupa esquisita e sai tropeçando em tudo e catando cavaco...”
O chefe convocou um grupo de guerreiros, os mais bravos da tribo.
À frente ia seu filho, o guerreiro menino com sua tutora, a loba
guará.
Desde pequenino era criado e protegido por ela aprendendo as artes da mata e seus riscos. Este seria o maior chefe de todos os tempo e no futuro, que é o presente do outro lado do buraco da pedra, ele seria encontrado e chamado de Zé Gabiroba.
Desde pequenino era criado e protegido por ela aprendendo as artes da mata e seus riscos. Este seria o maior chefe de todos os tempo e no futuro, que é o presente do outro lado do buraco da pedra, ele seria encontrado e chamado de Zé Gabiroba.
O Sacifreuderê se entusiasmou: Barbaridade! Não posso perder esta
batalha. Vamos, vamos todos ver o que
acontecerá” e saiu ventando atrás do gato ninja.
O ninja tinha um equipamento estranho. Logo descobriram que era um
detector de dinossauros. Ouviram um rugido estrondoso. O tal Rei dos
dinossauros parecia furioso. Quanto mais se aproximavam, mais ele rugia.
O guerreiro menino, com a loba e o ninja, escalaram um paredão para alcançar e atacar o temível. Precisavam salvar a tribo, mesmo que lhes custasse a vida.
O guerreiro menino, com a loba e o ninja, escalaram um paredão para alcançar e atacar o temível. Precisavam salvar a tribo, mesmo que lhes custasse a vida.
Enquanto isso,
a curiosidade de Marietinha a levou para o outro lado do paredão. E qual foi sua surpresa ao chegar lá!
a curiosidade de Marietinha a levou para o outro lado do paredão. E qual foi sua surpresa ao chegar lá!
O terrível dinossauro, na verdade era mamãe dinossauro que estava muito brava com todo aquele movimento perto de seu filhotinho. Por isso rugia tanto e tão alto, ela precisava protegê-lo!
”Que bebezinho mais lindo! Brilhante com essa armadura azul com o
que sua mãezinha o protegeu das flechas. Aliás, Repare! É feita de diamantes!
Uma belezura...”. Pensou
Marietinha. Correu o mais rápido que pode até o outro lado da rocha, onde
estavam todos a combater a mamãe tiranossaura rex. Contou a todos o que vira.
Surpreso, o astuto ninja percebeu que a sua missão perigosa, na
verdade era para salvar o bebê dinossauro da extinção e não para salvar a
tribo! E chegado a esta conclusão, viu suas roupas serem magicamente mudadas
para as roupas de um samurai. Enfim, ele conseguira a honra de voltar a ter o
respeito e a dignidade do Imperador japonês.
A coruja Judite foi investigar o filhotinho e voltou dizendo que
seria chamado Diamante, pois sua pele estava coberta por brilhante e
resistente armadura preciosa. Ela mesma, Acabara ter um filhotinho e queria
logo voltar para sua casa, no mangue, e aninhá-lo entre as asas... “Ai, ai...
que saudades do meu pequenino!”disse ela.
Por certo, agora salvo pelo venerável samurai Baru Norberto e por
Marietinha, o pequenino Diamante crescerá belo e forte como a mãe e, se tiver
sorte, conseguirá prolongar a sobrevivência de uma espécie que, mesmo naquele
passado remoto em que estavam, já era extinta!
O pequeno, mas poderoso menino guerreiro gostou tanto de Marietinha que pediu
ao pajé uma pajelança que a transformasse numa estrelinha, e também lhe
desse o nome índio Tini-á, ou, em nossa língua a Estrela.
A partir de então passou a se chamar Marietini-á. Assim, felizes, voltaram para o outro lado da pedra furada. Para o seu próprio espaço-tempo e levaram consigo a esperança de um dia se reencontrar.
A partir de então passou a se chamar Marietini-á. Assim, felizes, voltaram para o outro lado da pedra furada. Para o seu próprio espaço-tempo e levaram consigo a esperança de um dia se reencontrar.
Enquanto
isto Vovó e Profridência esperavam os acontecimentos sob um barueiro.
Ela pensava o quanto aquele fruto era duro. Estava com fome, e não conseguia
quebrar tão dura casca. Batia com um pedaço de pau, com a chave de roda da
Kombi e com tudo o que encontrava e julgava suficientemente resistente para
romper aquela dureza. Queria quebrar a qualquer custo, afinal ela sabia quebrar
côco, então ela saberia quebrar a casca do Baru. Mas, não era bem assim...
Quando Joaquina voltou do buraco da pedra e viu a dificuldade da Vovó, pegou delicadamente o baru com o bico e CRAC! Quebrou.
Quando Joaquina voltou do buraco da pedra e viu a dificuldade da Vovó, pegou delicadamente o baru com o bico e CRAC! Quebrou.
Vovó, impressionada, percebeu que, para quebrar a casca do fruto do baru, além da força era preciso
o jeito certo. Atentou para o quanto ela mesma tinha sido tão dura, quanto a casca de um baru! e, ao invés de simplesmente aceitar não sabe mexer direito no computador e, por isso, ter ela mesma perdido
a fotofábula, culpou o pobre Sacifreuderê. "Ah! se tivesse percebido antes... Teria evitado toda a confusão.", disse ela ao se desculpar com seus "quindim".
Depois da surpreendente aventura, voltaram para casa a tempo de
encontrar os meninos que chegavam depois de encontrar a rota do tubarão.
Nesta volta, Vovó sabia estar mais rica, pois trazia de volta os "meus quindim", o Sacifreuderê e Marietiniá, agora encantada pelo poderoso Pajé.
A Catarrinho sorriu aliviada por poder grudar novamente no gorro do bom e velho Freuderê, de onde jurou nunca mais sair.
A Catarrinho sorriu aliviada por poder grudar novamente no gorro do bom e velho Freuderê, de onde jurou nunca mais sair.
Baru Norberto voltou de avião para o Japão deixando com
Marietiniá seu coração. “Não se aflija minha estrelinha, voltarei.”. E,
enquanto ele não voltasse, Marietiniá saudosa, decidiu: brilharia todas as noites no céu do Japão.