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15 - O Resgate espacial

O Dia amanhecia em tons azuis.
Os periquitos maracanã nem tinham acordado e também não acordaram os micos que moravam no telhado da garagem.
Um dos visitantes universais admirava os coqueiros balançando suavemente ao toque do brando vento soprado pelo mar.
Profridência conversava com Crânio. Estava agoniada com alguma coisa que não sabia o que era. Apenas sentia e se queixava: - "Hoje acordei aperreada. Desde que virei Profridência vez ou outra me sinto assim. Sei que algo acontece, mas não sei o que é. Quando prevejo o que acontecerá não sinto este aperreio, pois posso providenciar alguma coisa antes que aconteça, mas quando não sei fico assim... Aperreada!".
Enquanto Profridência e Crânio conversavam em frente a casa, Aleph foi até o pomar acordar o Sacifreuderê e chamar o Freudão para mais um passeio na foz do rio Salgado.
Encontraram Thea a esperar por eles de pé sobre a proteção da ponte. Ela os recebeu com um sorriso e disse ao Sacifreuderê: - "Viemos mostrar a nave que nos trouxe. Esta é a nave-mãe apropriada para visitar o planeta Sha'n - o planeta Água - mas que vocês chamam de planeta Terra. Esta nave tem capacidade para transportar as várias naves menores com as quais transitamos aqui. Veja como ela é imensa!".
- "Barbaridade guria! olhando assim com atenção dá para ver como é enorme. Se eu ventar até o alto, bem na ponta da nave, não verão sequer meu gorro." disse o Sacifreuderê boquiaberto. Thea explicou ao Freudão:
- " Trouxemos a nave a pouca distância para que você possa ver. Ela precisa ficar pouco densa, com menos matéria, quase desmaterializada. Veja como está transparente. Não fosse assim você não poderia dela se aproximar como agora faz e mesmo assim não pode ficar mais perto do que já está. Este é o ponto limite para sua segurança. Para estabilizar a nave na atmosfera terrestre é preciso zerar a atividade gravitacional em torno dela deixando o ar ao seu redor ionizado, altamente eletrificado. A massa e a energia da nave pode desencadear um raio eletromagnético de tal intensidade que não sobraria nem o seu gorro de saci. Portanto ventar até o topo da nave não é uma boa idéia.".
- " Mas que báaaarbaridade!" - exclamou o bom e velho Freuderê, enquanto estremecia assustado. Melhor então eu ir embora? Se essa coisa resolver aparecer para valer virarei churrasquinho de gato!".
Aleph ainda pouco acostumado com a fala alegórica do Freudão ficou sem entender o que o saci queria dizer com "churrasquinho de gato". Ainda havia muito a aprender sobre os terráqueos...
Thea explicou: - "Aquela nave sou eu Sacifreuderê, portanto fique tranquilo. Ela só adensará quando eu quiser.". - " Bhaaa! Nunca vi nada igual! - exclamou o gato saci - Nem quando viajei para Vênus numa espaçonave. Na verdade levamos os venusianos de volta ao seu planeta, porque tiveram problemas com o combustível... Aliás, eles vieram até aqui em busca da ajuda do Curupira... Precisavam expulsar os saturninos que estavam a invadir seu planeta.
Baaaarbaridade que os mequetrefes quase comeram meus calcanhos! Se parecem com gatos bigodudos e sorridentes, mas na verdade são maus pra valer!". Disse, enquanto se lembrava do acontecido.
Qual não foi a surpresa do aflito Sacifreuderê quando Aleph revelou: - "Eles não são os saturninos. Estes a quem você chama saturninos são de Mercúrio, o planeta Ferro. Eles são mestres do ilusionismo e utilizam desse artifício para enganar. Desenvolveram alguma tecnologia, mas não conseguem navegar grandes distâncias, assim como vocês, os terráqueos, e também os venusianos. Levará ainda muito tempo até que tenham nossa permissão para transitar livremente pelo espaço. Ainda são muito novinhos e, caso pudessem fazê-lo, colocariam em risco a ordem cósmica do sistema solar.".
O Sacifreuderê falou: - "Mal posso crer nessa historia fantástica!". Então eles enganaram também os venusianos... E pensando bem, acho que eles são o M'baêtatá que expulsei daqui logo que virei saci.". Lembrou Freudão.
- "Sim - disse Aleph - Por isso enviamos M'bep Kororoti há milênios. Ele viveu entre os índios Kaapós. Ensinou a eles muitas coisas. Se enamorou de uma bela índia com quem teve filhos, mas apenas um se parece com o pai, pois o Curupira, além dos cabelos vermelhos e pés virados, também herdou algumas habilidades que os humanos terráqueos não têm - e continuou contando - M'bep Kororoti viveu aqui o tempo necessário para mostrar aos antigos as defesas contra as ilusões dos mercurinos, ou M'baêtatá. Um dia a pequena nave veio buscá-lo e só agora, milênios depois, ele voltou a esse planeta.
O Curupira é filho de M'bep Kororoti com uma bela índia Kaapó.

Sacifreuderê ouviu atento a curiosa história e ao final disse:
- " Báarbaridade! Como vocês são mesmo velhos... E o Curupira, Quem diria... Parece um gurizinho, mas tem milênios de vida para contar... Impressionante!".
A brisa do mar chegava suave do horizonte azul. O Sacifreuderê começava a compreender quem era o M'baêtatá. Assim como o resgate da hhistória fantástica doCurupira e que nem o próprio soubo até a chegada do misterioso pai. No regalo da harmonia que experimentava junto aos visitantes sentiu a profunda consideração daquela gente vinda do espaço.
Thea Considerou esclarecer: - "Agora, Sacifreuderê, você saberá identificar as espaçonaves do Comando Intergaláctico, do qual faz parte o Comando Asthar. Sempre que as naves forem seus próprios comandantes a tecnologia é nossa. Caso usem combustível será o M'baetatá, ou mesmo os venusianos".
O intrigado Sacifreuderê perguntou: - " Mas como você pode ser a nave se você esta aqui?" ao que ela respondeu: - " A nossa civilização evoluiu há bilhões de anos, muito antes dos terráqueos, por isso a nossa tecnologia é tāo avançada. É difícil explicar, mas vejamos... Penso ser algo parecido com o que acontece entre um Saci e seu gorro...".
- " Baaarbaridade! É só isso? Então já entendi! Pensei que fosse algo complexo.". Falou Sacifreuderê feliz e satisfeito.
Aleph, atento à conversa, percebeu o quanto gostava daquele saci. Nunca imagnou conhecer e travar conversa com um ser tão bacana. Disse ao Sacifreuderê: - " Você é admirável!", ao que Freuderê respondeu faceiro: - " Obrigado amigo! Tu és bacana também!".
Thea e Aleph saíram em sua nave e Sacifreuderê pensou que nestes dias de Festa Universal ele nem queria sair para fazer sacizisses de moleque feliz. Depois saiu ventando em direção à casa da Vovó.

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Enquanto a conversa dos três acontecia na ponte do Rio Salgado, na casa da Vovó acontecia um alvoroço que, no final das contas, acabou por dar resposta ao aperreio de Profridência...

Aconteceu que depois de uma boa noite de sono a arara Joaquina acordou sobressaltada e gritou lá do pomar para todo mundo ouvir: - “ Arre! Com o susto que levei pela abdução, fugiu-me a memória! Arre, Arre!!! Socorro! Acudam!”.

A arara tem uma voz naturalmente potente, mas quando grita tão alto pode ensurdecer temporariamente quem estiver por perto.

O Mocorôngo, que pegara no sono ao surgirem os primeiros raios de sol, acordou com a gritaria e voou para longe atordoado, como quando se acorda por susto. Mas não demorou a reconhecer a voz de Joaquina e voltou ficando junto a ela. Foi o primeiro a se aproximar para ajudar.

Em seguida Profridência veio trazendo consigo o Crânio. Ela falou:

- “ Do que você se lembrou só agora e é tão importante, Joaquina? Apostchio oitcho vezes oitcho vezes que estás em perigo!”.



- “ Ai, ai, ai – Não sou eu a estar em perigo Fridoquinha. - Respondeu Joaquina ao se lançar novamente para o vôo veloz tentando atravessar o céu – Misericórdia! Arre, Arre!!! Ui,ui,ui – ai,ai,ai “.

Desceu ainda mais veloz fazendo rasantes e gritando aflita: “Arre! Pobrezinha!!! Ai,ai,ai...”.


Marietiniá, que então se aproximara, comentou com a Fridoquinha como seria melhor esperar a arara pousar e se acalmar. Pareceu-lhe que a arara tentava dar solução a alguma coisa sem solução e Joaquina só sossegaria o coraçãozinho quando aceitasse o fato. Resolveram sentar e esperar por ela.


Depois de mais algumas idas e vindas Joaquina pousou no muro do pomar. Estava exausta e compreendera que, por mais que tentasse, não conseguiria ultrapassar a fronteira onde o céu deixava de ser azul e ficava escuro, profundo...- " Nada conseguirei! - chalreou balançando a cabeça. Dava pena ver como estava triste - Contarei para vocês o que aconteceu ontem e só hoje me lembrei. Misteriosamente uma parte de minha memória ficou oculta, contudo começa a voltar... 💭 💭 Quando a luz da nave me elevou, a escotilha se abriu e reparei de soslaio algumas coisas dentro dela antes que me soltassem e fugissem da Patrulha Interestelar. Tudo aconteceu muito rápido. Eles fugiram em altíssima velocidade. 💬💭
💬💭💭💭💭
Eu vi a Catarrinho! Ela estava dentro da nave. Eles levaram a formiguinha e eu nada pude fazer para tirá-la de lá! Pobre Catarrinho". 🐜
A arara acreditava mesmo que poderia ter salvado a amiga e, por acreditar, sofria.

Enquanto a Joaquina falava a luzinha da Profridência piscava. Marietiniá olhou com interesse. Ela sabia que quando aquela luzinha brilhava uma solução saltava!
Dito e feito. Frida, de olhinhos fechados, começou a falar que a Patrulha Intergaláctica já estava preparada para resgatar a Catarrinho. - " Vamos! - disse abrindo os olhos animada - o Comandante e Mestre Zuumun já preparou tudo, tudinho mesmo. Resolveram levar os meninos com eles! ".
Ao chegarem à praia viram Vovó procurando pelos netos. Um dos visitantes mostrou onde eles estavam através de uma tela holográfica criada como que do nada.
Os meninos tinham acabado de chegar para as férias de verão. Não perderam tempo. Saíram a navegar pelas águas calmas daquela hora. Por certo foram se encontrar com o tubarão mal humorado.
Quando vieram para as férias não imaginaram encontrar uma Festa Universal na casa da Vovó. E mesmo agora, estando em alto mar, não podiam sequer imaginar a aventura que viveriam...
O Mestre Zuumun organizou a equipe de resgate e aguardou o retorno dos meninos para a partida. Usariam uma nave pequena de modelo esportivo, pois a viajem seria curtíssima. Caso a cúpula do Comando Asthar não tivesse decidido que os meninos deveriam ir junto, a comandante Andri iria rapidinho sem precisar usar nave alguma.
Enfim os meninos aportaram! Finalmente partiriam para o resgate.
- "Mas partir para onde? - Perguntou Profridência - Vocês já sabem onde ela está?". - "Iremos buscar a formiguinha em Mercúrio - Respondeu Andri. - Os mercurinos levaram a Catarrinho. Vocês os conhecem pelo nome de M'baêtatá - a coisa de fogo...".
Fridoquinha arregalou os olhos assustada. Ela se lembrava bem do dia em que o M'baêtatá apareceu e o Sacifreuderê ventou atrás deles!
- " Vichi! Sei bem quem são. Eles são enganadores, por isso perigosos, vissi!".
A coruja Judite que estava perto observou que, desde que Frida se tornara Profridência, a cada dia seu sotaque estava mais e mais proeminente. Um encanto...
Chegada a hora de partir. Andri pilotaria a nave e Zuumun faria o resgate. Aquela brevíssima viagem seria um importante marco do que ainda era apenas o começo.
Os meninos foram escolhidos pelo Comando Intergaláctico para criar as condições de desenvolvimento deste belo planeta. Sob a orientação estelar ajudariam na travessia terrestre da imaturidade de agora até a maturidade cósmica. Mas essa história ficará para depois.
Agora eles entraram na espaçonave e, como quem dá um salto, a nave imediatamente pousou em Mercúrio.
Foram recebidos pelos mercurinos disfarçados de Venusianos... Zuumun disse: - "Os mercurinos ainda levarão muito tempo até que possam fazer parte da sociedade cósmica. Eles ainda não conseguem sequer ser eles mesmos! Mas o tempo e a experiência cuidarão de lhes mostrar o que a trava em seus olhos não os deixa ver. Por enquanto só querem saber de "trolar" a vizinhança. Mas vamos meninos! Temos muito trabalho pela frente. Vejam quantos eles capturaram, além da Catarrinho. Levaremos todos de volta.".
Resgataram a Catarrinho, dois tuiuius, um cavalo e dois sacis presos na garrafa.
Os mercurinos olhavam de longe. Não disseram nada, mas estavam muito felizes. Apesar da perda do que trouxeram da Terra, a Patrulha do Zuumun os salvariam ao levar embora a formiguinha causadora de um terremoto a cada espirro espirrado! Então, os mercurinos decidiram não mais capturar formigas em seus safáris no planeta Terra. "Elas são muito perigosas! Melhor trazer onças, leões e jacarés" - Concluíram eles.
Um segundo após entrar na espaçonave e... Já de volta à Terra!
Essa aventura aguçou tanto a curiosidade dos meninos, que ficaram animados para começar a aprender. Descobriram como valeria a pena conhecer e bem usar os conhecimentos que lhes seriam ensinados pelo Mestre Zuumun.
Mas agora tudo o que eles queriam era a bela fornada de peta recém tirada do forno. Ah! as quitandas da Vovó!!!
Ao anoitecer a Catarrinho se aninhou no gorro do Sacifreuderê para dormir. - "Durma bem, prenda minha... Enquanto houver Saci, M'baêtatá não entra mais aqui!
- "Báaarbaridade! que dia!!!"

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Créditos:
1- As informações sobre o funcionamento da nave espacial: Prof. Laércio Fonseca
2- A série Uma Festa Universal é baseada em pesquisas de material da Aeronática brasileira disponível no Arquivo Nacional do Brasil, em ufólogos brasileiros e de outros países, mas principalmente nos contatados: Prof. Laércio Fonseca, Dra. Gilda Moura e Ufólogo Marco Cabral.

































































Um comentário:

  1. Linda historia! As fotos são lindas e.o azul da pagina não cansa a vista! Hehehe tenho lido todas! Bjo pra.vc!

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