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17- As transmutações.

O sol começava a surgir no meio do oceano mostrando que o dia seria lindo. O cheirinho da tapioca com queijo coalho e aroma do café vindos da casa da Vovó se espalhavam pela praia despertando até o apetite do tubarão mal humorado do outro lado dos arrecifes. Todos acordaram animados para mais um dia com os visitantes estelares chegados em espaçonaves sensacionais.

Mas Fridoquinha olhou bem para o Sacifreuderê, ponderou e disse: _ "Freudão está um tanto avexado, vici."
Freuderê contou o que estava se passando: _ "Bah! Gurias, a Vovó está ficando dentuça. Levei um baita susto quando vi seus dois dentes enormes, maiores que os do tubarão!".
Marietiniá se preocupou "A Vovó tem medo de dentista! Precisamos ir com ela para tratar. Sozinha ela não irá..."._ " Ôxe Marietinha! eu fui lá olhar e parece que os dentes de Voínha estão crescendo a cada hora.". Disse Fridoquinha.


O que eles não sabiam, por ainda não terem visto, é que Don'Judite também sofreu os efeitos estranhos...
Enquanto conversavam, os amigos cósmicos já estavam se organizando para cuidar da Vovó. Ao saber disso Fridoquinha se preocupou ainda mais:" Se Voínha tem medo de dentista humano, então como será quando souber que seu dentista será alguém de aparência estranha? Vixi!".
Assim, pensativos, cada um imaginou como seria o atendimento da Vovó...
Profridência antecipou, em seu sentir, que tudo seria providenciado para que Vovó não temesse, ela só não sabia como isso poderia ser, afinal se os insetóides viessem tratar dela com aquelas patinhas de louva-a-deus cheinhas de espinhas... e falou: "Misericórdia! Voínha vai se assustar por demais." .

O Sacifreuderê, ainda temendo pelo destino dos dentões da Vovó, achava que ela se incomodaria em ir ao dentista sendo ele um humano, ou não.
Já Marietiniá pensou que Vovó ficaria tão feliz por estar num consultório dentro da nave espacial, que nem sentiria medo.
Mas, a situação se mostrou diferente do que imaginaram. Eles pensaram soluções com cabeças de terráquios. Não consideraram o quanto esses extraterrestres são imensamente mais desenvolvidos em suas tecnologias.
Voltemos ao momento em que o Sacifreuderê  se preparava para ventar pela praia e encontrar com Aleph mais os outros amigos quando viu a Vovó deitada na rede com um largo sorriso.
Foi aí lhe sobreveio o Susto! "Barbaridade! Mas, mas... A Vovó está ficando dentuça!", gritou pasmado.
(No detalhe da foto ampliada dá pra ver os dentes da Vovó!)
Passou ventando pela Vovó sem olhar para trás. Ele ainda não sabia se estava apavorado, ou com pena da Vovó. Parecia ser as duas coisas ao mesmo tempo.
Todos estavam ligados no Wi-Fi cósmico e assim que o coraçãozinho do Freuderê acelerou de susto, o Alefh chegou para ajudar. Disse que já sabiam do ocorrido e que logo logo a dentista traria o óculos para tratar a Vovó.
" Óculos? Mas não foram os olhos que cresceram, foram os dentes, Aleph! A Vovó está dentuça e não olhuda. Barbaridade! E agora, e agora! - Exclamou freuderê aflito - Vovó terá que ir até a cidade e consultar com o Dr. Dentista e seu motorzinho à pedal...".
"Se acalme Freuderê, no caso da Vovó os óculos certos resolverão - disse Aleph - Já detectamos o problema. Estamos aqui há alguns dias e o campo eletromagnético gerado por nossas naves, mais a alteração do espaço-tempo que provocamos aliados à manipulação gravitacional para que nossas naves possam trafegar na Terra, assim como os raios gama usados em nossas comunicações, provocaram um crescimento anormal dos dentinhos da Vovó. Nossos biogenetoengenheiros, os insetóides, são os melhores do universo. Logo os dentes da Vovó voltarão ao normal." Sacifreuderê se aquietou após ouvir aquelas confortadoras palavras lhe dando a explicação.
Enquanto isso, na outra ponta da mesma praia, a Vovó recebia seus óculos espaciais da insetóide que ela conhecera e a quem tanto se afeiçoara.
Incrível como os óculos vestiram perfeitamente. Foram realmente feitos para ela! Suaves, curativos e tecnologicamente sofisticado. Uma belezura! Tudo resolvido, agora a Vovó vai melhorar.
Mas, repara... Adiante estão Profridência e Arturzinho a passear.
Ao chegar à beira mar viram o Bugre da Vovó e resolveram esperar por ela, afinal se o Bugre estava ali, então Vovó também estaria. Admiravam o movimento dos visitantes, enquanto a refrescante brisa do mar os convidava a descansar. A longa caminhada que fizeram sob o sol das Alagoas assim exigia.
Arturzinho, muito cansado sentindo o temor que sente um bebê longe da mãe, perguntou à Profridência: "Quéde maínha?". Ela tentou explicar ao pequenino da melhor maneira o que se passava.
O que se passava era que Maretiniá foi convidada a participar de uma expedição espeleológica com os meninos e por isso deixou que o pequenino Artur ficasse sob os cuidados da Profridência, afinal, quem melhor que ela para cuidar de Artur?
Estavam por ali vendo o movimento da surpreendente Festa Universal. Viram quando a espaçonave imensa de Théa cruzou a praia no sentido da terra para o mar.
Viram também o Dó-mi-lá passando e, tempos depois, viram uma espaçonave amarela e fumacenta fazendo movimentos doidinhos e rasantes sobre as tartarugas. Profridência estranhou, mas a Federação tinha uma enorme variedade de tipos de naves.
"Como eram diversos aqueles seres!". Pensou Profridência buscando se livrar de estranhamento.
Sua atenção foi desviada para a beira do mar. As ondas estavam calmas naquele dia de azul radiante. A água límpida do verão alagoano deixava ver o chão abaixo delas.
O mar de calmaria de repente contrastou com um pontinho alaranjado se debatendo na água. Farejou um profundo farejo e percebeu que o pontinho alaranjado na água era um gatinho bebê a se afogar.
Profridêcia correu o mais rápido que pode em direção ao mar e lá chegando nada viu e pensou falando tristemente com seus bigodes: "O pobre gatinho nem teve chance. Se afogou tão rapidamente que a minha providência não foi suficiente para o salvar!".
Enquanto seu coraçãozinho chorava pelo triste destinho do filhote, ela não percebeu que era o Arturzinho quem corria grande perigo.
Uma turma de gatos sorridentes chamou o pequeno Artur para entrar em sua "encantadora nave amarela cheia de balas cintilantes e chocolates caramelados".
O pequeno Artur não sabia o que era aquilo que lhe ofereciam, mas imaginou que deveria ser algo muito bom. E os gatos lhe juraram que maínha sabia.
Ao ver de longe o risco que corria o Arturzinho, Profridência saiu do estado de estranhamento para um estado de consciência e, enquanto corria para salvar o Arturzinho já rodeado pelos mercurinos enganadores, ela falou ao caranguejo com um sotaque arretado: "Olhe, estes mercurinos estão me arengando, vissi!".
Mas já era tarde para tanto esforço da zelosa Profridência! Eles foram mais rápidos.
Entraram na espaçonave e sobrevoaram o litoral fazendo troça, trolando com todos que avistavam. Até deram língua para Aleph e para o Sacifreuderê.
"Bah!! O que é aquilo? Uma nave fumegante está nos atucanando!". Ao que o Aleph respondeu: "São os irriquietos e irresponsáveis mercurinos. Novamente transgrediram as normas interplanetárias. Zuumun já está em Mercúrio a espera deles e trará Arturzinho num piscar de olhos.
Os mercurinos, assim como os terráqueos, usam combustão para se locomover. Queimam tudo o que vêem pela frente para gerar energia, então, mesmo queimando o mundo em que habitam, jamais alcançarão velocidade para percorrer distâncias cósmicas. Na velocidade máxima que alcançam, chegarão ao planeta Mercúrio em 8 minutos. É uma nave obsoleta para os padrões intergalácticos. Eles só alcançarão mais conhecimento tecnológico caso não se auto-destruam com as tecnologias bélicas que desenvolveram.
A Profridência voltara para casa triste e sem saber como contar à Marietinha o que aconteceu ao seu filhinho.
Dava pena ver as duas tão temerosas. Profridência se sentiu responsável, mesmo sabendo que os mercurinos são habilidosos e imbatíveis quando se trata de disfarces. É da natureza deles.
Ela sentia que tudo estava sendo providenciado para que Arturzinho voltasse rapidamente são e salvo, esta era a sua natureza, mas o semblante mostrava o quão sentida ela estava.
Não demorou sequer os 8 minutos previstos por Aleph. Arturzinho estava de volta e todos aproveitaram o resto do dia para passear no Bugre da Vovó e na Kombi da arara Joaquina. 
Os visitantes estavam encantados com aquelas máquinas movidas à explosão, lentas e barulhentas e sem qualquer segurança.
Artur e sua madrinha foram os primeiros. O pequenino precisava se distrair para sair do calundú. Seu olhar ainda demonstrava um certo estado de choque.
Na Kombi cabiam muitos e lá foram eles sentir o trepidar com o barulho do motor! E como era barulhento! Sacodia e lhes doía um bocado à cada sacolejo.
De fato, todos os visitantes concordavam, o planeta Terra é uma grande aventura!
Andaram de praia em praia com o vento tocando seus rostos, sentindo a bruma da maresia, o sol escaldante.
Um dia como aquele seria narrado para todo o universo e jamais esquecido por cada um deles.
Esta era realmente uma festa universal.
Tudo agora transcorria em paz.
O que ocorrera bem cedinho já encontrara solução e o mestre Zuumun, assim que regressou de Mercúrio trazendo o Arturzinho, foi treinar com os meninos.
Toda a alta manhã foi de aprendizagem e treino nas artes de Fung-Fum e Ping-Pum. Os meninos acharam esses nomes meio estranhos e se entreolharam, mas nada disseram.
Estavam curiosos em aprender e os verdinhos seriam seus companheiros neste treinamento. Zuumun explicou que as artes marciais são parte integrante do aprendizado cosmonáutico para dar destreza, concentração e saúde, quesitos básicos para as viagens no Cosmos. "Mas, Zuumun - pergunta Luiz - não seria mais fácil você nos dar um exo-corpo forte e eficiente?". O grande mestre Zuumun respondeu:
"Claro que é! Você tem um ótimo raciocínio lógico e certamente será um grande comandante operacional no futuro. Mas, Luiz, vocês precisam viver cada possibilidade a ser experimentada para o aprendizado substanciosos. Não pensem nas facilidades que a Federação poderia dar a vocês. Ela dará algumas, desde que não retirem de vocês o direito a própria experiência humana.".Em seguida foram para dentro de uma grande nave e aprenderam sobre a mecânica da vida.
Nesta mesma hora Marietiniá também se preparava.
Ainda descansava no muro do jardim, quando foi chamada para sua importante missão.
Para ela foi necessário fazer a transmutação. Seu arranjo celular passaria a ser o humano. E assim foi feito, ali na praia mesmo, pela comandante Andri.
E Marietiniá, que era uma linda gata ruiva e malhada, se transmutou para uma linda moça! Ela pensou: "Arturzinho me reconhecerá? O Sacifreuderê e Profridência nem imaginam como estou agora!".
Tudo isso Marietiniá soube logo, logo. Afinal já era a hora do almoço e todos os visitantes chegaram para saborear o arroz com feijão da Vovó!
Mas este é só o começo de uma longa e enriquecedora aventura...

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