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13 - Ashtar Sheran - Episódio 1

Enquanto o sol rompia o horizonte do mar, a luz da lua ainda brilhava alta. O sereno espetáculo cotidiano contrastava com o movimento intenso e alegre dos visitantes das galáxias.
Quando Marietinha se transformou em Marietini-á e viajou pela Via Láctea não imaginou ver tanta gente e fazer tantos amigos por lá. Sequer pode imaginar também que eles viriam visitá-la e se tornariam grandes apreciadores do arroz com feijão delicioso da Vovó!
Aleph e Thea estavam no comando da viagem chamada de Festa Universal e sabiam quão importante era estar ali naquele momento.
No dia anterior acompanharam e participaram com alegria da festa em que vários, de todo o universo, se divertiram juntos no Planeta água chamado Terra.
Marietiniá os fez ver que talvez ainda valesse a pena entender um pouco mais esses habitantes maluquinhos, para isso resolveram conviver com eles na casa da Vovó! Tantas vezes passavam por aqui e admiravam a natureza vibrante, mas tinham dificuldades de compreender como a tipologia humana desse planeta era ainda tão bobinha em pensar que são como deuses e pensar que os outros também pensam que eles de fato são.
O Sacifreuderê ainda nem acordara e Aleph já o chamava para caminhar, ventar, ou flutuar pelas praias.
Ao chamar por ele e levá-lo consigo, Aleph não imaginou a reação do Sacifreuderê.
Para o nosso bom e velho Freuderê ele estava a sonhar um terrível pesadelo de abdução do qual tentava desesperadamente acordar. Pobre Freuderê! Em seu sonho era levado por um dos visitantes. Tinha a estranha sensação de flutuar, flutuar, flutuar... seguiu depois como que sugado por uma voz que o chamava "Sacifreuderê... Freuderê, rê, rê..." e ele seguia flutuando e gritando apavorado enquanto esperneava: " - Baaarbaridade! Espirra e voa, mequetrefe! "
E flutuava cada vez mais alto esperneando e gritando: " Baita arreganho!"
E vendo a aflição no sonho do Freudão Aleph arriscou em dialeto gauchesco "Só alcança galardão o vivente que não "afroxa" o garrão!* Acorda e flutua Freudão!!!".
E assim acordado o Sacifreuderê satisfeito e aliviado reconheceu e se deixou levar pelo novo aliado.
Mas não sem antes reclamar. "Baaarbaridade Guri! Vocês têm de pegar alguém, sem nem perguntar a quem, atucanando o pobre suplicante! Bahh! Isto não se faz!"
Aleph se desculpou e o levou para passear. Flutuaram por toda a região.
Em frente a casa da Vovó viram os felinos sirianos, junto ao largatiano, ajudando Crânio em seu adiantado projeto de nave espacial.
As crianças sairam da nave mãe para brincar. Era a primeira vez que vinham a um planeta com tanta água. Pura alegria e diversão.
Aleph e Sacifreuderê também ouviram quando M'bep Kororoti se apresentou com a conhecida roupa de palha usada na aldeia do rio Xingú em festa anual realizada para dele se lembrar.
Assim se apresentando disse ao Curupira ser o seu pai.
Há milênios viera para a terra e aqui ficou até que um dia resolveu ser a hora de voltar ao planeta natal.
Diante de cena tão linda a sensível insetóide parou para olhar.


Curupira se admirou ao ver alguém como ele.
Reconheceu os cabelos vermelhos e pés virados para trás. Percebeu que M'bep Kororoti era mesmo quem dizia ser.
Mais adiante, Aleph e Freudão viram outros, os quase transparentes dos quais só se via a forma em lumiar. Eles olhavam Profridência entrar no mar.

O certo é que os visitantes gostaram muito desse lugar. Era raro que os comandos da Frota Interestelar ficassem tanto tempo quando vinham ao planeta Terra.
Shely, no comando da equipe Via láctea da intergalática Ashtar Sheran, acompanhava admirada como era bom ver todos ali aproveitando com os terráqueos o momento especial.
"Quem sabe - pensou ela - um dia os humanos terráquios consigam parar de se destruir. Ao prepararmos alguns deles podemos talvez ajudá-los a superar o belicismo e usar as armas da conciliação das diferentes idéias? Marietiniá nos fez crer que sim. Mas se cedermos à nossa vontade de ajudar teremos uma tarefa difícil - E perguntou aos Greyzinhos -será possível ajudar a quem pensa que não precisa? Uma coisa é certa, seria profunda a tristeza de ver tudo isso se acabar por guerras e dinheiro".
Freud e Aleph seguiram voando sobre as praias.
O dia proporcionava calor e mar tranquilo dando aos visitantes a oportunidade de nadar.
Foi o que fizeram duas pequeninas verdes.
Freuderê ouviu uma delas dizer que no próximo mergulho teriam que evitar ultrapassar a barreira de corais. O outro lado fazia parte da rota do grande tubarão mal humorado que confundiu as duas verdinhas pequenas e magricelas com peixes apetitosos.
Por sorte conhecem muito bem a arte da invisibilidade e dela se serviram para não virar almoço do tubarão.
Sacifreuderê estava surpreso por entender tudo o que os alienígenas diziam não importando o idioma que falavam. E tenha certeza, cada um deles falava no próprio idioma e todos se compreendiam muito bem.
Fridoquinha e Crânio se divertiam à beira mar com os novos amigos vindos do espaço.
Acompanharam o curioso cientista que coletava tudo o que encontrava pela praia para pesquisar. Bastava apontar o facho de luz e todas as informações eram processadas.
A luz de Profridência também tinha função, mas diferente da luz do cientista, sua luz lhe possibilitava a providência e a velocidade da luz para realizar o que deveria ser providenciado.
Alguns dos visitantes conhecem bem o planeta Terra e Confederação Intergaláctica Ashtar Sheran - que significa "a luz que mais brilha" - tem algumas bases aqui.
Mas isso só contaram depois...
Na praia seguinte viram a coruja D'on Judite, sempre animada diante do que não conhece, olhava tudo em seus detalhes.
Logo, logo percebeu:
"Uhn, Uhunn... Agora entendi. Estas pessoas não usam a boca para conversar e foi exatamente essa técnica que ensinaram ao Crânio... Graças a eles o pobre caranguejo pode parar de sapatear para se comunicar... uhnnn...".
Aleph e Sacifreuderê resolvem descer.
Aproximaram e se sentaram no pé fossilizado do pássaro Dodô. O Sacifreuderê sentia uma profundaserenidade.
Confiava naquele homem grandalhão.

Aleph não era de muita conversa, aliás nem precisaria falar. Sacifreuderê pensou com seus bigodes: - "Estar junto a ele é suficiente para entender. É daquele tipo de entendimento que basta olhar e saber o que o outro está pensando...".
Aleph informou que lhe daria a capacidade de visão remota. Queria mostrar a ele algumas coisas. Então, tocou levemente a testa do Freudão e imediatamente viu algumas coisas acontecendo naquele momento. Apesar dos acontecimentos distantes de onde eles estavam, a tecnologia de psico-holografia fazia de Sacifreuderê um participante que via. Dimensões, cheiros, tudo era vivido holograficamente'. Ele nāo estava presente corporalmente, mas estava experimentando tudo aquilo mentalmente, como se lá estivesse.
Primeiro o que o Sacifreuderê viu foi um Cachorrinho com uma chupeta na boca e uma mulher na calçada dormindo recostada nele. Percebeu quanto eram importante um para o outro.
Junto a eles alguns pertences espalhados ao redor.
No instante seguinte se viu numa praia onde alguns dos visitantes cósmicos estavam olhando e mexendo num balaio de peixes.
Pareciam querer entender todo aquele lixo pescado junto com os peixes, a tartaruga morta asfixiada por um saco plástico do qual ela não conseguiu se desvencilhar. Era uma série de estragos e destruição. Não fazia sentido...
- "Baaarbaridade! Vejo isso todos os dias. Mas, olhando assim parece ainda pior! Irei até esses lugares agora e ventarei um vento tão forte que as pessoas irão olhar e enxergar! ".
Agitou sua cauda em intensa ventania, mas em seguida recuou. - " Bhaaa, que uma andorinha só não faz verão! De que adiantaria eu fazer um redemoinho?".
Aleph retrucou: - "Uma andorinha só não faz verão, mas mostra a direção... Pense Freuderê, antes de sair ventando, pense! Primeiro é necessário saber que este planeta tem uma complexidade. Se não compreendem isso em nada poderão melhorar.".

" - Bhaa, guri. Aqui neste planeta as pessoas acreditam que a cabeça foi feita só para separar as orelhas! A Vovó diz que os humanos são a praga da vez. Destroem tudo como se fossem uma nuvem de gafanhotos doidivanos esfomeados. Baaaarbaridaade!
" - Será uma pena Sacifreuderê se vocês continuarem transformando tudo o que tocam em lixo. Veja o que mostram os noticiários...
Esse planeta abriga imensa quantidade de resoluções biológicas. Existem espécies tão variadas que você nem pode imaginar. Muitos de nós que aqui viemos somos humanos, alguns são vegetais, outros minerais. A grande variedade inclui os insetóides, também os felinos como você.
Não somos diferentes de vocês terráqueos, apenas mais velhos e com mais experiência.".
O Sacifreuderê em sua curiosidade felina aguçada disse: - "Já ouvi dizer que vocês invadirão a Terra e nos dominarão com a tecnologia avançada...".
Aleph gargalhou e disse: - "Somos de fato muito avançados. Alguns bilhões de anos a mais que vocês terráqueos, nos proporcionou desenvolvimento através da experiência e, por isso mesmo, não precisamos exercer domínio sobre ninguém. Os humanos terráqueos estão desenvolvendo tecnologia para ocupar outros planetas dessa galáxia, mas nem sequer conseguiram cuidar da própria ganância, nem de quem tem fome, nem de abrigo quem não tem teto. Apenas mentem que se preocupam. Constroem bombas poderosas para destruir uns aos outros. Lançam aeronaves tripuladas cheias de combustível que gera energia à explosão inclusive explodindo alguns astronautas vez ou outra!".

"
" Barrrrbaridadeee!!!!" disse o Freudão assustado.
Aleph continuou: " - Ainda não sabem como chegar até outros planetas vizinhos. Precisariam desenvolver energia eficiente. Melhor assim, pois certamente caso consigam, irão destruir também os outros planetas com essa mania de explodir tudo. Aliás, o que temos visto em milhares de anos viajando pelo universo são populações, imaturas como esta, se auto destruindo ao alcançar tecnologias sem antes alcançar juizo, maturidade."
O bom e velho Sacifreuderê estava atordoado com toda aquela conversa e resolveu que já era hora de voltar para casa. Além disso já estava na hora do almoço e Aleph por certo não perderia o arroz com feijão por nada!

O que ele não sabia é que quando chegasse em casa encontraria uma boa surpresa...


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Créditos


1- Baseado na frase do Pastor Gaúcho: https://www.pensador.com/autor/pastor_gaucho/
2 - História M'bep Kororoti dos Kaapós:
3 - O rosto da comandante na Via Láctea: A mulher negra de turbante, de Alberto Henschel
4 - Conforme o Professor Laércio Fonseca. Comando Ashtar Sheran: https://youtu.be/rg54LvHYYw8


5 - Imagens coletadas nos noticiários de TV.

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